Após intensas discussões sobre quem seria o melhor candidato para substituir Sir Alex Ferguson no comando do Manchester United, a gestão administrativa da equipe confirmou David Moyes como novo técnico do time na última quinta-feira. O candidato escolhido irá se juntar oficialmente aos Red Devils no dia 1 º de julho, após o término da temporada com o Everton.
É inegável que Alex Ferguson conseguiu alcançar um sucesso extraordinário liderando o Manchester United. O clube continua a ser uma grande potência entre a elite do futebol mundial, e durante a gestão de Ferguson ganhou vários títulos. Entretanto, Ferguson não deve se aposentar sem dar uma explicação sobre um comentário feito recentemente, que envolveu o incidente com o jogador brasileiro do Chelsea que ficou no chão, encolhido e fingindo que estava machucado.
Na semana passada o escocês questionou o profissionalismo do zagueiro do Chelsea, David Luiz, após um incidente em uma partida que levou a um dos jogadores de Ferguson a ser expulso do jogo.
Alex Ferguson não gostou da derrota do United no encontro do domingo passado (0-1) e ainda apreciou menos a atitude de David Luiz. O técnico escocês disse: “O Rafael, jogador do Manchester, levou uma cotovelada e revidou. A sanção mais pesada é para aquele que reage, mas ficou claro que Luiz lhe deu duas cotoveladas. Rafael deu o troco, mas Luiz claramente lhe deu duas cotoveladas e depois rolou no chão, como se fosse um cisne prestes a morrer, e foi isso o que convenceu o árbitro. Ele, Luiz, ficou rindo e isso é mau. Que espécie de profissional é este?”
O técnico do Manchester United rejeitou a afirmação de que a falta de Rafael deveria ser considerada uma conduta violenta. Com base nisso, Ferguson parece ter razão em algumas de suas queixas, mas ele perdeu a credibilidade com a seguinte declaração:
“O árbitro se deixou levar pelo fato de ele estar rolando no chão e duvido que tomaria outra decisão se não tivesse visto aquilo. É algo que vemos nestes jogadores europeus, estrangeiros e sul-americanos”, frisou ainda o treinador do United.
Será que o técnico escocês realmente acha que os únicos jogadores que fingem estar contundidos são estrangeiros, sul-americanos ou europeus? Essa parte da sua afirmação é inquietante, e eu não sei se foi um descuido ao se pronunciar em virtude do calor do momento ou se era realmente uma indicação mais preocupante de algum preconceito da parte de Ferguson.
De acordo com o que ele disse, será que ele está dando a entender que os únicos que não fingem lesões são os jogadores britânicos? Bem, talvez tais atletas simplesmente não tenham tantas oportunidades para dramatizar suas lesões no centro do maior palco do futebol mundial, a Premier League, uma vez que eles são cada vez mais uma raridade entre os titulares das maiores equipes do mundo. E a cada ano que passa, eles parecem ter menos espaço em decorrência de serem substituídos pelo talento estrangeiro – precisamente o mesmo talento estrangeiro cobiçado em muitas ocasiões pelo próprio Ferguson para fazer parte de seu plantel.
Será que Ferguson tem noção da composição internacional de sua própria equipe, e como o seu comentário mina e ataca seus próprios jogadores estrangeiros? Na verdade, é surpreendente como um líder de uma das maiores equipes de futebol do mundo possa fazer comentários tão ofensivos como esses, negligentemente, sem sofrer qualquer tipo de represália. Apenas sob a vigilância de um segmento da imprensa inglesa que parece estar cada vez mais conivente e submissa é que um comentário desses poderia passar despercebido. Se tal comentário tivesse sido feito por um técnico de qualquer equipe esportiva profissional norte-americana, ele teria sido repreendido e, potencialmente, até mesmo forçado a renunciar.
Para um homem que comanda um clube que alega ser o mais popular do mundo, suas declarações foram extremamente insensíveis. O Manchester United não só é um clube popular dentro do futebol Inglês, mais a sua popularidade também é sentida em todos os cantos do mundo. As torcidas organizadas do United estão espalhadas de leste a oeste, de norte a sul, e assim presentes em todos os continentes.
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